pensamentos imperfeitos

Sentia-se, às vezes, como se vestisse uma roupa especial que lhe tirasse a gravidade. Embora presente era como se seus pés estivessem fora do chão. Interagia ao mesmo tempo em que por dentro parecia não estar ali, como se aquilo não lhe pertencesse. Era estranho. Como podia haver tal ambivalência dentro de si? Como estar tão presente e tão flutuante? Ela não sabia. Apenas o sentia.

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Eu sou uma pessoa muito dada. Às vezes isso é muito bom. Faço amizades facilmente, sou simpática e, geralmente, em razão disso, as pessoas gostam de mim. O problema é que tenho dificuldade na medida disso. Me exponho demais. Falo demais. E quando eu vi, já foi. Minha vida acaba sendo, literalmente, um diário aberto. Isso não é bom. Não me envergonho de nada, não tenho nada a esconder, mas, algumas coisas não precisam ser ditas. Devem pertencer a você e a mais ninguém. Estamos tão cheios de etiquetas que às vezes não é possível compreender certas coisas. Nem todos acreditam no que eu acredito e depois que falo, às vezes me sinto ridícula. Mas aí já era. A palavra dita não pertence mais a quem a disse, é do mundo. E o mundo, meu bem, faz dela o que quiser...

"Há três coisas que não voltam atrás: a pedra atirada, a palavra dita, a oportunidade perdida". Inclusive, a oportunidade de ficar calada.

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Dandara
(Ivan Lins/Francisco Bosco)

Ela tem nome de mulher guerreira
E se veste de um jeito que só ela
Ela vive entre o aqui e o alheio
As meninas não gostam muito dela
Ela tem um tribal no tornozelo
E na nuca adormece uma serpente
O que faz ela ser quase um segredo
É ser ela assim tão transparente

Ela é livre e ser livre a faz brilhar
Ela é filha da terra, céu e mar
Dandara

Ela faz mechas claras nos cabelos
E caminha na areia pelo raso
Eu procuro saber os seus roteiros
Pra fingir que a encontro por acaso
Ela fala num celular vermelho
Com amigos e com seu namorado
Ela tem perto dela o mundo inteiro
E à volta outro mundo admirado

Ela é livre e ser livre a faz brilhar
Ela é filha da terra, céu e mar
Dandara