terça-feira, 17 de abril de 2007

Pecados Íntimos

Gente, o que é esse filme?? Sen-sa-cio-nal! Contundente!
Fui assistir hoje sem ter ouvido comentários anteriores. Comigo, a expectativa de um bom filme apenas.

Mas o filme é realmente excelente. Diferente, interessante, plural. Não sou muito boa com as análises, inclusive, depois que vejo o filme gosto de debater e ler coisas a respeito para aprofundar minha reflexão.

Este filme me lembrou 21 gramas, não pelo seu ritmo, mas pelo traço marcante de ser um filme sobre o ser humano. Não sobre uma história, mas sobre dramas pessoais (cada um carrega o seu, não é mesmo?)

Pra facilitar, segue a sinopse e crítica do Omelete:
Ah, os subúrbios dos Estados Unidos... cidades pequenas, paraísos para a criação de filhos loirinhos, onde o cidadão de classe média progride feliz e inadvertidamente serve de material para autores ávidos por mostrarem sua superioridade intelectual e honestidade moral num sem-fim de romances, séries de televisão e filmes. O que seria do cinema autoral e independente por lá não fossem os road-movies e essas cidadezinhas pacatas?

Pecados íntimos (Little Children, 2006) não é diferente nesse aspecto. Tem sua cota de casais infelizes, segredinhos e traições. Mas tem também um diretor acima da média (o sumido Todd Field, que não dirigia desde Entre quatro paredes, de 2001), uma ótima seleção de elenco e material de base competente, o livro Criancinhas, de Tom Perrotta, que assina o roteiro, indicado ao Oscar de texto adaptado, ao lado de Field. O resultado é intrigante e dúbio.

A história acompanha Sarah (Kate Winslet, também indicada ao Oscar pela atuação), mãe de família e inativa intelectual, e sua filha. Todos os dias as duas vão ao parquinho, onde encontram-se com as outras mães - superprotetoras, superfofoqueiras, superchatas -, que têm como ponto alto de seu dia a chegada do "Rei do Baile", Brad (Patrick Wilson), um sujeito bonitão que leva o filhinho para brincar enquanto a esposa e provedora, Kathy (Jennifer Connelly), faz documentários para a TV. Não demora para que Sarah e Brad, depois de uma brincadeira que dá errado, desenvolvam uma afeição mútua.

E se tudo parece normal demais, surgem dois elementos externos às histórias de subúrbios que tornam a história intrigante e potencializa suas discussões. Volta à cidade, depois de cumprir pena, um pervertido, preso por exibir-se para uma criança. É como se um tubarão (a cena da piscina é poderosíssima para gravar essa imagem) entrasse numa pacífica laguna. A outra é a entrada de Brad para uma liga amadora de futebol americano, atendendo aos apelos de um amigo antigo e ex-policial (Noah Emmerich), cujo hobby é incomodar o ex-presidiário e sua mãe todas as noites.

A história do pervertido, vivendo com a sua preocupada mãe (tão superprotetora quanto às do parquinho), é a melhor. Seria ele um sujeito realmente perigoso - seu ato o primeiro de uma série - ou alguém que errou uma vez, pagou o preço, e está de volta reabilitado? O personagem é vivido por Jackie Earle Haley, um antigo astro-mirim da década de 1970, que entrega-se totalmente ao trabalho. Não é pra menos - ele amargou algumas décadas de subempregos e papéis ínfimos desde que perdeu as graças da infância - e soube aproveitar a oportunidade de ouro que teve. O resultado é uma mais que merecida indicação ao Oscar de ator coadjuvante, que renderia por si própria um típico filme de superação.

O desfecho tem um certo tom conformista, de aceitação, que inicialmente incomoda. Mas conforme passam as horas ele cresce e transcende o óbvio, respeitando seus personagens. Field e Perrota sugerem que eles são todos cheios de falhas, mas o pervertido é o único a conhecer as suas. De certa forma, é a única pessoa honesta na hipócrita comunidade - e a única capaz de amar de verdade e fazer sacrifícios em nome desse amor.

7 comentários:

  1. vou assistir tb! adoro dicas culturais... hehe

    bjoca

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  2. Vou ter que assistir! Ai meu deus. heheheheh

    Olha que louca: ontem de madrugada, acordei e fiquei pensando num filme que eu queria assistir e até hoje não assisti, mas depois que levantei, esqueci qual era o filme! Tsc tsc tsc tsc

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  3. Voltei!
    Ainda não vi o filme que indicou...
    Mas deixo novamente beijos

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  4. Depois disso, eu não posso perder esse filme.
    Vou seguir a dica! ;)

    beijo, linda

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  5. Esse filme é simplesmente demais! Quando fui assistí-lo no cinema, o meu desejo era simplesmente de não sair mais da poltrona... fiquei hipnotizado até o fim.

    Bjos!

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  6. Vejo que o filme deve ser excelente, através da sua postura de indica-lo fazendo um resumo da estória.

    Grato pela dica assisti-lo-ei.

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