sábado, 9 de abril de 2005

Bioética, o que é isso?

Cheguei no curso lutando contra o sono, tomei um cafezinho para não cochilar, mesmo sabendo que isso não seria possível numa aula de Cristiano... Bem prevenir é melhor do que remediar...
Quando adentreia a sala soube que a aula seria de biodireito e bioética, putz, achei um saco, mas já tava ali, fazer o que? Pra variar, ele chegou atrasado e o começo da aula me soou um tanto familiar... meu código até já estava anotado e eu ía antevendo o que ele ia dizer. Já tinha tido essa aula no Podium, quer dizer, não foi essa aula. Até porque falar para 200 pessoas desesperadas para passar num concurso é muito diferente de falar para 35 interessadas nos novos rumos do direito de família brasileiro.
Pois é... passadas as considerações iniciais, começa o show! Um professor meu da faculdade dizia que ética é enxergar-se no outro (acho que até citei isso no meu discurso de formatura....) e Cristiano, com seu discurso inflamado adotou essa postura nos conduzindo numa linha de raciocínio maravilhosa. Lá estava eu embasbacada, sem qualquer vestígio de sono assentindo com a cabeça para coisas que antes achava meio absurdas. Bioética: ética da vida, não é? (adoro etimologia...) Para ser mais objetiva e fazer o leitor captar um pouco das coisas a que me refiro, vou dar um exemplo, para mim o mais contundente da aula: a polêmica da não transfusão de sangue dos testemunhas de jeová. Glória Perez, que adora elucubrações jurídico-biológicas já há quase 15 anos trouxe à baila esse tema e nós chocados com essa resistência sem fundamento, não compreendemos como pode alguém não preferir a vida acima de qualquer coisa. Na verdade, continuo sem compreender, mas já consigo aceitar. O meu admirado professor nos questionou acerca do valor vida. Sim, a vida é uma valorãção do que fazemos da nossa existência. Quantas vezes dizemos "isso não é vida!!!", mas quantos não dariam tudo para tê-la? Bem, o questão era até que ponto o direito poderia invadir a intimidade do cidadão para preservar-lhe a vida e ele perguntou: "Mas será que para uma pessoa que acredita na literalidade que Deus disse que não misturasse seu sangue com o do seu semelhante, a vida após uma transfusão seria vida? E se 5 minutos depois ele se jogasse de uma ponte, já não seria mais problema nosso?"
Não quero aqui discutir os valores, mas refletir sobre a provocação. Não devemos respeitar o direito das minorias, por mais absurdo que pareça? E ele coloca: "e se fosse o contrário? se a maioria não permitisse a transfusão, como nós, minoria, nos sentiríamos?"
Bom, não dá para nessas linhas cibernéticas trazer a eloqüência de Cristiano, mas eu precisava externar de alguma forma como fui tocada por esta aula. Sair da esfera estritamente jurídica, para algo muito maior e que, sobretudo, me acresce como ser humano! O Direito capaz de acender a chama da Justiça em nossos corações...
Ao mestre com carinho!

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